que, na realidade, agora são duas... Uma Catraia minhota de coração, lisboeta por obrigação, juntou-se à primeira, nortenha de berço e coração para, juntas - YUPI! - partilharem um blog:)
que, na realidade, agora são duas... Uma Catraia minhota de coração, lisboeta por obrigação, juntou-se à primeira, nortenha de berço e coração para, juntas - YUPI! - partilharem um blog:)
Eu sei que andamos muito sossegadas por aqui, mas esperamos que o motivo compense a espera... De qualquer forma, quando vi a notícia de hoje sobre o Prémio Nobel da Literatura não podia deixar de escrever o que me vai na alma.
Todos temos coisas que nos marcam quando somos mais jovens, que nos fazem pensar, sonhar, que nos fazem apaixonar por alguma coisa e que vão fazer parte da nossa vida (ou vidas para quem acreditar nelas) para sempre. Para mim, um dos momentos mais marcantes foi ver este filme - Dangerous Minds - com a minha mãe, num daqueles momentos mãe e filha que permanecem até hoje na memória sensorial - o sofá, a manta nas pernas, o quentinho do mimo da mãe...
E não, não foi o filme em si, mas, precisamente, o concurso "Dylan Thomas vs Bob Dylan", com a análise da poesia de ambos, a tentativa de perceber o que queriam dizer por detrás do que parece óbvio, os segundos e terceiros sentidos, e, sobretudo, a nossa capacidade de nos projectarmos no que lemos e de encontrar sentido nas palavras.
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Foi com este filme, e com um poema muito particular do Bob Dylan - Mr. Tambourine Man, que me apaixonei pela poesia, que passei a escrever, e que as palavras passaram a dar um verdadeiro sentido ao meu mundo. Vale a pena ler...
Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me I'm not sleepy and there ain't no place I'm going to Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me In the jingle jangle morning I'll come following you
Though I know that evenings empire has returned into sand Vanished from my hand Left me blindly here to stand but still not sleeping My weariness amazes me, I'm branded on my feet I have no one to meet And the ancient empty street's too dead for dreaming
Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me I'm not sleepy and there ain't no place I'm going to Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me In the jingle jangle morning I'll come following you
Take me on a trip upon your magic swirling ship My senses have been stripped My hands can't feel to grip My toes too numb to step Wait only for my boot heels to be wandering I'm ready to go anywhere, I'm ready for to fade Into my own parade Cast your dancing spell my way, I promise to go under it
Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me I'm not sleepy and there ain't no place I'm going to Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me In the jingle jangle morning I'll come following you
Though you might hear laughing, spinning, swinging madly through the sun It's not aimed at anyone It's just escaping on the run And but for the sky there are no fences facing And if you hear vague traces of skipping reels of rhyme To your tambourine in time It's just a ragged clown behind I wouldn't pay it any mind It's just a shadow you're seeing that he's chasing
Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me I'm not sleepy and there ain't no place I'm going to Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me In the jingle jangle morning I'll come following you
Take me disappearing through the smoke rings of my mind Down the foggy ruins of time Far past the frozen leaves The haunted frightened trees Out to the windy bench Far from the twisted reach of crazy sorrow Yes, to dance beneath the diamond sky With one hand waving free Silhouetted by the sea Circled by the circus sands With all memory and fate Driven deep beneath the waves Let me forget about today until tomorrow
Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me I'm not sleepy and there ain't no place I'm going to Hey, Mr. Tambourine Man, play a song for me In the jingle jangle morning I'll come following you
Hoje partilho mais um pedacinho de mim, inspirado naqueles que estão sozinhos, que vivem num silêncio que já não reconhecem como tal, apenas à espera que alguém pare, olhe para eles e sorria, como que abrindo caminho para se poderem expressar e contar as suas histórias. Pouco importa a veracidade do tempo ou do lugar em que se passaram, o que importa é terem alguém com quem partilhar.
copyright Ana Pinho
Alquimia
Olha-o, mas não espera nada.
O hábito do silêncio aniquilou-lhe o sentir.
Não se volta se o chamarem.
Esconde o rosto fragmentado com as marcas
[do tempo que ainda não passou.
Mas, quando numa alquimia de luz,
alguém se chega ao pé descalço, pode-se ouvir o
[riso azul contar pedaços de vida.
São as viagens que não fez.
Espero que vos tenha feito pensar, parar e sorrir a alguém que precise.
A iniciar a semana, e com um pedido de desculpas pelas ausências prolongadas aqui no blog, partilho mais uma "coisa minha".
Quantas vezes acontecem coisas que parece que já sabíamos bem cá dentro, ou sentíamos lá no fundo, que poderiam acontecer e que nos fazem sofrer? Ou somos apanhados de surpresa porque o tempo (ou alguém) nos vira do avesso? E quantas vezes nos apetece mudar esse "destino" irritante que parece que anda a brincar com os dias?Tantas vezes...
Nessas vezes a resposta é (apenas) virar as voltas do tempo ao contrário. Dar luta. Encontrar dentro de nós os pequenos prazeres. Sorrir para alguém que nos faz rir. Abraçar um amigo, daqueles que nos seguram a alma. E viver. Nem que para isso seja necessário primeiro sobre(viver).
Há muito tempo que não partilhava uma "coisa minha".
É engraçado como muitas vezes nos esquecemos que guardamos tudo cá dentro, o muito bom e o muito mau, e mesmo quando achamos que conseguimos guardar qualquer coisa numa gaveta empoeirada e esquecida, um pedaço de passado volta pelas palavras que o trazem à memória e o parecem reavivar.
Não quero dizer com isto que o sentimento ainda seja o mesmo que era, mas o regresso faz-nos sempre reflectir e olhar para quem somos com outros olhos, agora mais experientes, mais maduros, mais serenos, e aprender.
Copyright Ana Pinho
Sorri para a janela que lhe aprisiona a visão.
Está na mesma o banco de jardim
onde provou o riso directamente dos lábios.
Está na mesma o sol que lhe aquecia a pele
do ombro desnudado pelo arrastar da mão.
Só o tempo que faz andar os ponteiros do relógio não é o mesmo.