que, na realidade, agora são duas... Uma Catraia minhota de coração, lisboeta por obrigação, juntou-se à primeira, nortenha de berço e coração para, juntas - YUPI! - partilharem um blog:)
que, na realidade, agora são duas... Uma Catraia minhota de coração, lisboeta por obrigação, juntou-se à primeira, nortenha de berço e coração para, juntas - YUPI! - partilharem um blog:)
Mostraram-me esta música esta semana e apaixonei-me. É daquelas sonoridades cariocas que nos deixam melancólicos, a pensar, mas que ao mesmo tempo nos balançam e nos puxam para a roda, para dançar agarradinhos e disfrutar.
Leo Middea | Valsa
"E no teu sussurro eu acho a coragem. E canto pra ti pra encontrar também."
Porque é quando encontramos a coragem no sussurro de quem está ao nosso lado que sabemos que chegamos a casa, sabemos que encontramos o nosso par na valsa da vida, aquele par que nos faz rodopiar, e que nos segura com braços firmes nas voltas para a esquerda ou para a direita e nos faz sonhar.
É sabermos que outro nos basta para ser felizes. E isso é amor.
Há uns dias falava com um amigo sobre os dias que correm, sobre estes dias em que vivemos e que estão a mudar a forma de viver de uma geração inteira. Estes dias em que sentimos que vivemos na sombra da geração anterior, e que passamos a ser, dizia-lhe eu, "a geração do quase".
Somos aqueles a quem disseram que acreditar em nós era caminho certo, aqueles a quem deram "tudo" ou muito perto, aqueles que cresceram com sonhos maiores e mais altos que os que nos antecederam, aqueles que nunca duvidaram do que aí vinha. Somos aquela geração a quem prometeram alcançar, e ultrapassar, o patamar a que a geração anterior chegou. Mas a vida dá muitas voltas, e "esta vida" parece que nos quis ensinar a todos uma lição.
Pela primeira vez na história, somos a geração que vive, e vai viver (a maioria de nós), pior que a geração anterior. Somos a geração que desespera ao perceber que a autonomia financeira é cada vez mais difícil, que "fazer carreira" pode ser uma utopia, que a "casa de férias" é um conceito em vias de extinção (aluga-se casa de férias, não se compra), que a família vem quando o trabalho (e os empregadores) permitirem e a natureza colaborar...
Eu sei, é uma visão crua e escura. Porque ao mesmo tempo, somos a geração que dá cada vez mais valor às pequenas coisas, que re-aprendeu a poupar, a cozinhar, a dar jantares e festas em casa e dividir as contas, a reconhecer os verdadeiros amigos, a querer conhecer novas culturas e viver como elas, a viajar cada vez mais, mas ao mesmo tempo a apreciar muito o nosso lugar.
copyright Ana Pinho
Mas mesmo assim pergunto-me muitas vezes, será que nos vamos sentir sempre a "geração do quase"? E o que vai acontecer com os que vêm a seguir a nós?
Porque há dias em que parece que estamos num mundo de cabeça para baixo e o que é importante é o superficial, o material, e as relações pessoais ficam em segundo plano à espera de um qualquer interesse que as crie.
Porque há dias em que nos esquecemos que o que é mais importante na vida está ao nosso lado, mesmo ao lado e que se pode tocar, ou ao lado em espírito ou coração ou numa outra metáfora qualquer, mas ao lado, e muitas vezes nos esquecemos de o notar, valorizar e apreciar.
Hoje não é esse dia.
Obrigada aos meus que estão sempre aí, seja de que forma for.
E obrigada aos que vou conhecendo, e que, quem sabe um dia, com empatia, um dia, também poderão ser meus.
Confesso que não sei o que pensar, e o que escrever, acerca do que se passou na sexta-feira em Paris.
É tão difícil pensar que, de um momento para o outro, todas aquelas nossas preocupações que nos parecem tão grandes e tão impeditivas de viver a vida em pleno, e disfrutá-la, se transformam em coisas insignificantes perante a possibilidade da morte. É tão difícil conceber que podemos sair para uma escapadela de férias, uma viagem de trabalho, ou simplesmente estar na cidade onde vivemos e ir a um espectáculo ou apenas jantar fora e não voltar.
Como é que podemos sobreviver a este medo que se vai arrumando dentro de nós, primeiro pequenino, depois crescente, à medida que este tipo de situações vai acontecendo? Não sei... Não soube quando Nova Iorque foi atacada e vi as torres cair pela televisão, mas nessa altura parecia longe. Não soube quando atacaram Londres e depois Atocha, e durante muito tempo tive receio de estar na Estação do Oriente duas vezes por semana, quando chegava a Lisboa ou quando vinha para casa, especialmente porque tinha sido "aqui ao lado". Lembro-me que pensava sempre "e se"?
Mas com o tempo vamos baixando a guarda, e o medo vai ficando mais pequenino, arrumado dentro de uma gaveta que não abrimos. Então, não só sobrevivemos, como parece que passamos a viver sem isso nos pesar.
Até que volta tudo de novo. Volta o receio, volta-se a dizer "amo-te" antes de sair, voltamos a repensar viagens, planos, voltamos a ter consciência da nossa passagem temporária por aqui.
É preciso não deixar que os medos nos incapacitem, nisto como noutras coisas na vida, e é preciso manter as coisas que eles nos trazem e que importam, como dizer que se gosta a quem se gosta e não deixar para amanhã.