que, na realidade, agora são duas... Uma Catraia minhota de coração, lisboeta por obrigação, juntou-se à primeira, nortenha de berço e coração para, juntas - YUPI! - partilharem um blog:)
que, na realidade, agora são duas... Uma Catraia minhota de coração, lisboeta por obrigação, juntou-se à primeira, nortenha de berço e coração para, juntas - YUPI! - partilharem um blog:)
Hoje partilho mais um pedacinho de mim, inspirado naqueles que estão sozinhos, que vivem num silêncio que já não reconhecem como tal, apenas à espera que alguém pare, olhe para eles e sorria, como que abrindo caminho para se poderem expressar e contar as suas histórias. Pouco importa a veracidade do tempo ou do lugar em que se passaram, o que importa é terem alguém com quem partilhar.
copyright Ana Pinho
Alquimia
Olha-o, mas não espera nada.
O hábito do silêncio aniquilou-lhe o sentir.
Não se volta se o chamarem.
Esconde o rosto fragmentado com as marcas
[do tempo que ainda não passou.
Mas, quando numa alquimia de luz,
alguém se chega ao pé descalço, pode-se ouvir o
[riso azul contar pedaços de vida.
São as viagens que não fez.
Espero que vos tenha feito pensar, parar e sorrir a alguém que precise.
A iniciar a semana, e com um pedido de desculpas pelas ausências prolongadas aqui no blog, partilho mais uma "coisa minha".
Quantas vezes acontecem coisas que parece que já sabíamos bem cá dentro, ou sentíamos lá no fundo, que poderiam acontecer e que nos fazem sofrer? Ou somos apanhados de surpresa porque o tempo (ou alguém) nos vira do avesso? E quantas vezes nos apetece mudar esse "destino" irritante que parece que anda a brincar com os dias?Tantas vezes...
Nessas vezes a resposta é (apenas) virar as voltas do tempo ao contrário. Dar luta. Encontrar dentro de nós os pequenos prazeres. Sorrir para alguém que nos faz rir. Abraçar um amigo, daqueles que nos seguram a alma. E viver. Nem que para isso seja necessário primeiro sobre(viver).
Há muito tempo que não partilhava uma "coisa minha".
É engraçado como muitas vezes nos esquecemos que guardamos tudo cá dentro, o muito bom e o muito mau, e mesmo quando achamos que conseguimos guardar qualquer coisa numa gaveta empoeirada e esquecida, um pedaço de passado volta pelas palavras que o trazem à memória e o parecem reavivar.
Não quero dizer com isto que o sentimento ainda seja o mesmo que era, mas o regresso faz-nos sempre reflectir e olhar para quem somos com outros olhos, agora mais experientes, mais maduros, mais serenos, e aprender.
Copyright Ana Pinho
Sorri para a janela que lhe aprisiona a visão.
Está na mesma o banco de jardim
onde provou o riso directamente dos lábios.
Está na mesma o sol que lhe aquecia a pele
do ombro desnudado pelo arrastar da mão.
Só o tempo que faz andar os ponteiros do relógio não é o mesmo.
Uma coisa minha que tem nome de inacabado, mas é final, e que foi inspirada na velhice. Naquela velhice que infelizmente ainda existe. A velhice marcada pela solidão no espaço, mas também, e sobretudo, pela solidão do coração, a solidão de quem já não tem família ou de quem a família (se é que se pode chamar assim nestes casos) abandonou. A velhice de quem espera a morte porque já não vê sentido em existir. A velhice que nenhum de nós quer ter.
Copyright Jo Farrell
Poema inacabado
A velha que segura nas mãos o peso da vida
que a empurra para o chão,
vive no sufoco do tempo que já passou.
A voz embarga as palavras que não saem.
As que diz, suga-lhes a vida deixando murmúrios.
A vida que a morte renegou, deixou-lhe o olhar
[vazio.
Ficaram as estórias que amassa e molda
[no caleidoscópio do tempo, quando ele não está lá.
Esta é a penúltima segunda-feira antes do Natal (e ante-penúltima do ano! como é que passou tão rápido?), as compras já estão quase todas feitas graças aos mercadinhos do fim de semana, e vêm aí uns dias de descanso, apesar de toda a agitação prevista e de uma Corrida de S. Silvestre para fazer... Sim, a sério! Mas não deixa de ser segunda-feira, e como todas as segundas-feiras esta parece cinzenta, lenta e mais trinta mil coisas a acabar em "enta" que me posso lembrar e que não abonam nada em favor da dita.
E lembrando o Natal, partilho convosco mais um pedacinho de mim, com alguma inspiração natalícia.
O ponteiro que faz mover as pessoas
à volta das bolas de cor de neve em volta de nós
parece parado no tempo.
O silêncio rodeia o sentir sufocado no peito. E
o riso sorriso que ri nos lábios em festa parece
não chegar até aqui.
Na rua ouve-se o nada cheio de luz em cada janela.
Não entro.
Os degraus da escada acolhem-me o corpo que espera.